sábado, 30 de outubro de 2010

Divagações - Do bom Filósofo

Um bom filósofo se reconhece por sua estirpe: está no modo de falar, pensar e no expressar - em todos os sentidos, tanto corporalmente quanto dialeticamente; todavia ambos se entrelacem - que desemboca na sutileza com que trata aquilo que diz.
Sua percepção, ao contrário dos intelectuais livrescos, é naturalmente apurada no sentido de ver questões filosóficas aonde elas estão - ou seja: em todo e qualquer lugar, e em lugar nenhum.

Torna-se, portanto, desnecessário - e até em certa medida é sinal de "má postura" - o tratamento de questões sempre pelo viés dicotômico, que vê filosofias aonde há Filosofia.

Tal sintoma não é ao acaso: trata-se de um resquício remoto de um iluminismo, que engendra-se na própria linguagem; e eis porque o bom filósofo, mesmo que limitado pela linguagem, apodera-se da poética - que ao meu ver é o que de melhor a linguagem pode nos oferecer de, e também o seu lado mais belo - para deliberar sobre assuntos que, todavia é um todo holístico e considerável enquanto fenômeno.
No entanto, muitas vezes o bom filósofo deve permanecer em silêncio, - que em verdade é o que mais tem a "dizer" e também um reflexo de sua generosidade - mesmo que seu silêncio só seja de fato compreendo por ele mesmo e por pessoas de percepção igualmente apurada.

Em síntese, tal frase encerra um bom alvitre: não se pode aprender "filosofias", só se pode aprender a Filosofar.