sábado, 15 de janeiro de 2011

Dos condicionamentos




Não sei quanto aos camaradas anarquistas, mas eu digo que percebi algo: nunca o ser humano foi bombardeado com tantos condicionamentos como o é agora.
Cada milímetro ao seu redor é um fator condicionante que, somados ou agindo isoladamente, acabam por moldar seu comportamento.
Sim, é claro que de certa forma isso é natural, é se avaliado do ponto de vista de um condicionante por si próprio não é diferente de antes - não no sentido de que ele sempre foi um ser condicionado pelo meio. Só que agora a coisa é mais perversa.
O grau de entendimento a que chegamos me dá confiança para dizer que esses condicionamentos não se dão mais de forma natural e espontânea, em realidade existe um controlo cada vez maior e irrestrito sobre os condicionantes do ser. Para citar exemplos, dentre eles estão os sons que ouvimos, (não estritamente músicas, mas sim todo espectro de sons a que nosso aparelho auditivo está sujeito), aquilo que ingerimos, naquilo que tocamos, e que, consequentemente afeta diretamente na forma como pensamos, nos nossos desejos afetivos e etc...

Repare ao seu redor, dê uma breve olhada e reflita sobre o que vê.
Não será preciso pensar muito, pois a própria pré-percepção, ou intuição visual já nos demonstra algo, mesmo que não estejamos pensando estritamente em algo. E a esse algo que está lá, a dialética que temos com ele e que concebemos nossos juízos é o que se chama de condicionamento. Através dos condicionamentos é que podemos afirmar que determinado algo é um objeto de nossa percepção.

Perceba agora, numa outra olhada ao redor, como tudo o que observamos é por nós de alguma forma um lugar-comum, tudo é cheio de formas geométricas, de cores, de símbolos, de significados, de emoções...
Todavia, muito pouco do que conseguimos capturar do meio é reflexo da nossa real percepção do que em realidade está nos condicionando. Em outras palavras, o "tomar consciência" de um fenômeno-realidade é um processo último, no qual se foi filtrado o "bruto" e que se tem uma percepção mais amena, suavizada.

Antes mesmo de ser formada a nebulosa conjunção mental a que chamamos de pensamento, as formas são apenas arquétipos mentais, que operam à nível não-consciente, e nem poderia ser diferente na medida em que ele se dá apenas por esse processamento não-consciente, como uma intuição por exemplo.

Bem, aonde pretendo chegar?
Como sou curioso e pretendo adentrar minuciosamente nessa análise, olho ao meu redor novamente, só que desta vez com um olhar mais intencional - e eis que nessa intencionalidade encontro o ser humano engendrado no meio em que vive, e que, atualmente é cada vez mais "seu". Todavia, meu olhar me releva algo aterrador: o que vejo é a manifestação da potência do homem se tornando o próprio fator em que se é processada sua própria degeneração.

O homem hoje alcança um grau de entendimento da natureza que lhe permite manipular os processos da vida de forma extremamente impressionante, todavia todo esse conhecimento foi construído sobre pilares patológicos, e eis que surge uma nova visão: tudo o que o home põe a mão, trabalha e cria, é sobretudo, um reflexo de sua potência.

Existe uma sobrecarga iminente sobre nosso aparato sensitivo, e esse bombardeio não é aleatório. O ser humano passa por uma etapa de sua existência em que é inegável o processamento de sua degeneração fisiológica.

O destino dos seres humanos hoje se encontra nas mãos de algumas poucas pessoas, que, pelo poder de afetar diretamente um sem número de pessoas, protagoniza um papél de algoz, todavia se vista de salvador; e o que quero atentar é para o fato de que essas pessoas são inescrupulosas, são o pior tipo de ser que existe no planeta; são degenerados consumidos pelas sua própria luxuria, cuja potência e energia é voltada para a execução enfadonha de suas vontades - são a essência do homem dito racional.

Num mundo em que a condição de ser passa a ser uma atribuição mercadológica, e onde toda a sociedade se engendra e no qual a própria dialética da existêcia da mesma passa a ser apenas em função desse mecanismo, O homem dito racional tem agora o poder que tanto desejou, porém o mais tolo sabe que o excesso - até mesmo de vitalidade - acarreta algum tipo de prejuízo, e que em nosso caso é uma aberração.

A humanidade toma ar, para quem sabe, num grito desesperado ainda tentar esboçar: salve-se quem puder. Talvez ela nem consiga tamanha modéstia.

Foi declarada guerra total contra a humanidade. E agora?

"Exercício de reflexão: toda vez que olhar para algo, investigue de que forma aquele algo lhe condiciona, com o tempo perceberá coisas que antes lhe pareciam não estar lá. (Por exemplo a imagem acima) É a mágica da percepção."

Um comentário:

  1. Concordo, o condicionamento parece ser algo iminente a raça humana seja o natural ou o constituído pelas instituições e coisas criadas pelo homem para o homem, como bem disse o poder de debate para reconstruir ou perpetuar as instituições humanas estão nas mãos de uns poucos canalhas... Mas isso não exima nossa influencia nesta situação por mínima que seja. Ter consciência do condicionamento é valido para esta situação sem volta na qual vivemos, pois me da o conhecimento necessário para que através da nossa ousadia e criatividade desenvolver outras maneiras independentes de estar no mundo...

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